sábado, 28 de maio de 2011

Sobre a PL 122 e o Kit anti-homofobia e a martirização das minorias

Preciso deixar duas posições muitos claras: sou absolutamente contra qualquer forma de preconceito e por ofício e escolha, a favor da educação. Esclarecendo isso, continuo.
Já fui religioso e não me envergonho disso. Mas realmente não consigo entender porque há tanta intolerância onde deveriam ser adotadas posturas de amor, cuidado, respeito. Não vou repetir mantras para religiosos, já desisti deles há muito tempo, e eles de mim. Penso que ficamos numa boa assim, deste jeitinho.
As minorias estão em voga e já não era sem tempo. Até pouco tempo atrás era normal mulheres serem apenas mães e donas–de-casa, afro-descendentes trabalhar sem respeito e liberdade por que algum maníaco de renome interpretou Deus do jeito dele, deu-lhe sua cor e disse que esse mesmo Deus colocou os africanos com os escravos do mundo branco cristão.
Nesse mundo, Deus é branco, sexualmente resolvido e defensor dos valores que os homens especiais que Ele supostamente criou que em essência são valores excludentes. No meu mundo Deus é espírito, e é para além de raças e comportamentos sexuais. E é constituído de algo que penso ser próximo do que chamamos de amor, algo totalmente inclusivo.
Contudo, preciso apontar o abismo que existe entre estas duas posturas adotadas recentemente que tem a intenção de proteger as pessoas. Pessoas homossexuais. Que para a moral cristã Ocidental deveriam nascer mortas. Bom preciso antes apontar algumas falhas. Da moral cristã primeiro depois das posturas adotadas. Só de passagem, os cristãos falam que os homossexuais não nasceram assim, antes de corromperam pela vida, foram estuprados e tal...enfim a vida os transformou. Só que tais seres transmorfos são frutos de uma sociedade de maioria cristã (to lendo por aí 90%...ah tá...), maioria branca, maioria tudo de bom que eles gostam de gritar por aí. Tem algo errado. Ou os homossexuais nascem assim, ou a sociedade citada é um fracasso, o que faz dos donos do pedaço um bando de fracassados. Radicalismo dói de ler né? Então por somos sempre tão radicais com as minorias?
Meu problema com o Projeto de lei 122 de 2006 da deputada federal Iara Bernardi (PT-SP), é que é uma lei dentro de uma Constituição (1988) que já é avançada, porém mal aplicada. Homofobia já é crime. A nossa Constituição proíbe quaisquer formas de discriminação. Criar uma lei que endossa isso é abrir a discussão sobre quais posturas devem ser adotadas, faz parte de outro campo de atuação: a educação.
Não concordo com religiosos vanguardistas gritando aos quatro cantos que eles não concordam com o homossexualismo, pois simplesmente tem gente que não sabe se expressar. Vira ofensa. Mas sabe, eu preciso, como Voltaire, defender o direito que eles tem de fazer isso. Isso mesmo, todos temos o direito de falarmos o que quisermos, em termos de opinião. Não cabe aqui espaço pra gracinhas, piadinhas, ofensas. Cristãos concebem homossexualismo como pecado. E eles têm sim o direito de dizer isso e sou da turma que defende o direito deles de dizê-lo.
Por isso não apoio o PL 122. É mais um projeto de Lei que visa à criação de um invólucro de proteção social que além de não resolver o problema do preconceito, caminha a passos largos para a criação de um cidadão intocável. Martirizar uma minoria cria seguidores cegos, meros reprodutores de conceitos profundos que infelizmente terão antolhos na hora de resolverem seus problemas. Os super-cidadãos são os cristãos do passado. Possuem ancestrais em comum. Temos proteção especial para as mulheres, para negros e para homossexuais. Uma mulher negra e homossexual amanhã, não terá um igual social, ela será superior, com o acúmulo de proteções que lhe foi dado de bandeja.
O kit anti-homofobia é ruim, mal feito e até desnecessário. Mas ele tem diferenças viscerais do PL 122. Aponto duas. A primeira é que pelo menos ele tentou educar, conscientizar, e não punir. Os cristãos estão revoltados, mas existem homossexuais com dez, doze, treze anos, e são estudantes do ensino fundamental, médio e superior. O kit mostra isso, no maior clima eles estão entre nós. A segunda é sua aplicação seria feito nas escolas, locais onde além de serem ideais pra disseminação de conceitos sociais, tem-se quer queiramos, ou não os indivíduos que serão os donos do pedaço. O mundo é muito mais dos alunos, que nosso. O kit entra na questão da Educação. Sim. Faça cartilha pra tudo na escola, deixe os alunos a ajudar a compor tais cartilhas, escola é justamente pra isso.
Minha proposta é idiota, tosca e vazia. Eu proponho que eduquemos. Tiremos os antolhos e as escamas e mostremos pra sociedade que somos de várias raças, várias orientações sexuais, vários credos diferentes; somos variados e complexos, mas justamente por isso que somos tão absolutamente maravilhosos e encantadores. Entre educar e punir. Escolho educar. Entre criminalizar e expor as partes envolvidas de forma desnecessária e constrangedora, seria muito mais interessante educação progressiva e insistente. Entre o PL e o kit, fico com o princípio envolvido no Kit. Sei lá, talvez porque eu pense que proteger o ser humano é cuidar de todo mundo, seja mudando conceitos ou tirando escamas, nunca criando dentre as minorias mártires ditatoriais.

sábado, 14 de maio de 2011

Por que quero ser Professor?

Originalmente este post foi uma prova na faculdade. Mas resumiu tão bem meu pensamento, que resolvi adicioná-lo aqui.
Seria uma pergunta retórica, se ao lado desta estivesse perguntando por que não ser professor. Talvez seja mesmo uma pergunta retórica, mas daquelas que servem mais que pontes para boas conversas, esta é daquelas que nos perseguem durante toda a vida.
No discurso adotado por muitos, o referido questionamento não encontra mais morada. A pergunta seria: “Mas quem é que quer ser Professor?” ou ainda: “Professor? Que pena...?”.
Dito isto, este autor então resolve por suas próprias colheres e responder por que deseja tornar-se professor, ainda que haja razões para que não o seja.
A realidade é dura demais. Subnutrição que leva a um parco desenvolvimento intelectual. Miséria, que torna o ruim/mau, desejável. Miséria que subverte valores e cria argumentos que a subnutrição não deixou nascer. ”Traficantes são ricos, poderosos e não estudam, para que vou estudar?”. Nesse cenário o Professor é inimigo, tem pouquíssimo respeito. E torna-se refém da violência, cada vez mais acessível sob a forma de armas de fogo, nos mais variadas prateleiras da insatisfação. É difícil conviver com pessoas “invisíveis” em um mundo onde existem programas do tipo torne-se visível, ainda que por quinze minutos.
E deve ser complicado ganhar pouco e não ser respeitado em nada pelos seus empregadores diretos (governo) e indiretos (contribuintes).
Mas sabe, tem muito mais luz que trevas. Em todo professor existe uma fagulha de educador, que quase sempre apaga. Mas o fogo tem a tendência de alastrar-se. Então este autor considera a hipótese de se deixar tomar por esta esperança e poder ser muito mais que um professor, um educador.
Até hoje, não há nada m,ais empolgante que acompanhar e contribuir para o desenvolvimento intelectual de um ser humano, aquele mesmo vítima da miséria que subverteu suas idéias, seriamente afetadas pela subnutrição. É algo mais que uma tarefa é uma missão.
Um professor pode simplesmente passar conhecimentos adiante, mas quando se reconhece um educador tem belíssima oportunidade de cunhar novos conceitos, repensar o mundo,mudar focos e perspectivas, tecer idéias novas, construir um conhecimento sólido, tudo isso traz uma sensação de autosatisfação, de leveza e de recompensa, que na verdade um bom salário não traz e um salário ruim não tira.
Enquanto professor e ou educador, um indivíduo tem interação com os mais variados grupos. E as referidas construções de conhecimentos consolidam-se desta forma. Interagir com rico, pobres inteligentes, intelectuais reconhecidos, indiferentes, a rede de relacionamentos que se pode formar é sem comparações. Professor rompe fronteiras, quebra os muros, grita contra a pressão, é lembrado por muitos, por toda uma vida.
Este autor nutriu por toda uma vida o desejo de ser professor. Por opção. Primeira opção. E quer, ainda que haja pouco incentivo e baixos salários, reproduzir às novas gerações o legado e o exemplo adquirido de seus professores.
Tornar-se professor é participar de um projeto, não escrito, sequer elaborado, de resgate ou constituição da imagem de uma profissão que é comum a todas as profissões. Quem quiser olhar as trevas, que se vá, vai se perder, pois as trevas são densas e sedutoras. Mas quem optar por ingressar na luz, pode de repente, descobrir-se seduzido por se tornar, um professor.

domingo, 20 de março de 2011

Não Sei Escrever Contos...

Não sei escrever contos. Fato. Gostaria e muito de ter sensibilidade característica de quem os escreve. Sensibilidade e os “dois dedos de genialidade”, ambos são capazes de compor lições de moral poderosas o suficiente para conduzir alguém à reflexão. Não sou assim. Não nasci assim e não estava dos planos de quem quer que seja, que eu estivesse no ambiente adequado para tal. Sim, ambiente, pois existem ambientes adequados e preparados para estimular o despertar da genialidade. Os melhores e mais destacados jogadores de futebol, são filhos de bons jogadores, ex-profissionais ou pra sempre frustrados, que depositam e seus filhos suas próprias esperanças e estimulam com isso a capacidade inata aliando-a com disciplina a um plano bem traçado. Com os escritores de contos existem também a influência do ambiente, mas para que eu escrevesse um conto meu ambiente deveria ser outro, mais romântico, mais preocupado comigo, mais atencioso pelo menos. Nada tive de romantismo. Tampouco de criativo. Foi duro. Entre o não ter pão e ter brioches, tive um pão com manteiga, o qual sou grato de coração, não reclamo disso, reclamo do pão com manteiga por já ta de bom tamanho. Cítrico. Gosto dessa palavra pois ela me define, tudo isso me tornou cítrico, o meu ambiente foi isso pra mim. Ou me tornei por causa dele. Sabe o limão ou abacaxi, que sendo azedos produzem derivados deliciosos com a devida adição de açúcar...ninguém os qualifica de azedos, e sim de cítricos.
Meu olhar crítico, é filho do ambiente cítrico. Ambiente azedo, com muitos derivados doces é verdade. No meu ambiente fui tão protegido para que não me tornasse um execrável, um bandido, um alguém seduzido pelo fogo fátuo das facilidades da vida, que esqueceram que eu podia ser Senador(ah sim, eu queria mesmo era ser Senador, mas...isso eu conto depois). E entre um e outro, entre o execrável e o notável. Eu fiquei no meio do caminho. Alguém que dança ao som de algumas palmas. E sou acusado sempre pelos mesmos donos da minha matrix de não ter correspondido às expectativas. Vai ser sempre assim.
Por isso, não sei escrever contos. Minha genialidade de “meio dedinho” não casou com ambiente que tive. Casamentos que resultam em belos bebês em formas de contos ou livros. Por isso acostumei a sempre entender que a doçura que possuo é para disfarçar minha verdadeira acidez. Não sei escrever contos. Por isso escrevi essa crônica...

Passarelas

Considero este país uma imensa passarela. Muitos precisam passar por ela a fim de que o lucro de outros seja maximizado. Sejam atletas, artistas, escritores, políticos, religiosos...enfim, existe um mercado imenso que precisa ser conquistado de alguma forma.
Usar o nome d’algum famoso para penetrar em algum mercado consumidor não é novidade nem problema. Aliás, o culto a personalidade nem é mais criticável, uma vez que o necessário seria apenas não endeusar alguém, ou imiscuir-se em sua vida pessoal, pronto está tudo certo. Sacada inteligente dos donos do poder. Aqui há um poder latente, são cerce de 180 mil pessoas, das quais pode-se afirmar que cerca de 40 mil tem algum tipo de contato com a internet, seja ele passivo ou ativo, isso porque em uma casa com cinco pessoas , basta que uma use a internet, para que as outras possam ter contato com o que esta mesma internet pode oferecer, ainda que não estejamos falando de utilização plena de todos os recursos desta mesma internet.
Até aí tudo bem, os verdadeiros cérebros por detrás das personalidades que desfilam em nossas passarelas, pensam com o bolso, e este mercado aqui pode deixar muitos bolsos muito felizes.
Mas fico pensando em política. Ou melhor, em políticos que nos visitam, mais precisamente em Barack Obama. Nada contra ele. Não sou prosélito da ideia de que o simples fato de ser americano desqualifica alguém para alguma coisa. Admitamos ou não a história deles é densa e eles sabem vender o próprio peixe. Eles sabem escolher bons vendedores. Nem sempre, mas no geral o fazem com alguma Inteligência. Eu que nem gosto de estereótipos, tipo O negro, O pastor, A mulher...admito que eles foram espertos em escolhe-lo. Era tudo que eles precisavam para apagar a nefanda imagem deixada por G. W. Bush.
A criança nasce legal, mas quem estraga é a vovó... O que não consigo entender, é por que a nossa passarela só serve para que ele desfile se for de acordo com os padrões dele. Não entendo porque existe tanto denodo para alguém que nos enxerga apenas como meros peões. Aliás, eu entendo sim, apenas prefiro não acreditar que isso seja feito sob nossos narizes, com tanto patrocínio, fazendo Obama parecer um Messias, que trará a solução para todos os nossos problemas, saneamento para comunidades que ele visitou, ou investimento decente para escolas públicas e postos de saúde, ou investimento inteligente e decente para a segurança pública. O público de nossa passarela em êxtase, grita o nome de Obama esperando que ele traga tudo isso e muito mais... Mas tudo o que ele de fato deu foi um tchauzinho. E acho digno o povo de nossa passarela achar e esperar tudo isso, mas e se nada disso acontecer?
Se não acontecer, acontecerá o de sempre, latrocínios, tráfico de drogas e de sexo envolvendo crianças que dias antes também gritavam o nome do Messias norte-americano. Os idosos maltratados como se tivessem nascido velhos, não conseguindo pegar um ônibus com dignidade. Ou crianças que sabidamente, por sua alimentação e precária instrução escolar, terão pouca ou nenhuma cognição intelectual para entenderem que participar desta platéia, reproduz uma política de pão e circo, que em momento algum permitirá que algum deles seja um dia capaz de pelo menos subir na passarela, quem dirá segurar os fios das marionetes...

Pesando o passado!!!

Tema problemático este e que rende boas e longas conversas. Surgiu por acaso em uma aula de didática, entretanto, visita almas angustiadas de quem já chegou ou passou dos trinta e não se sente exatamente realizado, a saber, o passado.

Que é impossível esquecer o passado já estou plenamente convencido.



Tema problemático este e que rende boas e longas conversas. Surgiu por acaso em uma aula de didática, entretanto, visita almas angustiadas de quem já chegou ou passou dos trinta e não se sente exatamente realizado, a saber, o passado.

Que é impossível esquecer o passado já estou plenamente convencido. Talvez seja esta a tarefa mais fácil de relação com o mesmo. Difícil nessa caminhada é justamente enxergar nossa parcela de culpa, aliás, ao invés de parcela, culpa em sua totalidade. É muitíssimo fácil culpar outros pelos nossos erros. Todos são responsabilizados pelos nossos fracassos, insucessos e afins, menos nós mesmos. Ainda que os espelhos sejam em muitos casos escravos de nossas vontades, podem ser algozes inexoráveis, pois mostram nada mais nada menos que a verdade, que seja em parcela tudo bem, mas mostram muito do que verdade. E o único culpado pelos nossos erros, escolhas, dificuldades do passado somos nós mesmos. Provavelmente o caminho que tomamos foi em meio a pelo menos uma outra opção a qual ou fizemos questão de ignorar ou simplesmente rejeitamos, achando-nos donos da verdade acreditávamos piamente na certeza de nossa decisão.Erramos. E não há conserto para tal.

Mas como lidar com a influência dessas escolhas hoje em dia? Como podemos viver sem a devastadora sombra de nossos erros passados? Talvez não haja a resposta certa... Mas há respostas com certeza! Uma delas é que ao invés de ficar escondido da vida, remoendo as decisões erradas, em momentos em que éramos outras pessoas, pensando e agindo diferentemente de hoje, levantemos a cabeça e decidamos recomeçar. Eu decidi recomeçar e tem funcionado. Não podemos nem apagar o passado nem alterá-lo. Mas podemos repensar o peso do passado em nossas vidas. Isso mesmo. É pesando novamente o passado em nossas vidas que soltaremos as amarras que nos prendem às frustrações cotidianas libertando-nos para uma vida mais inteligente e reflexiva. Como o grande filósofo: a vida sem reflexão, não merece ser vivida.